Andrea Pelegrinelli

Muitas vezes estigmatizado, o erotismo é tão próprio e natural ao ser humano como o amor. Ele é a expressão da experiência interior em sua plenitude, da busca pela vivência absoluta do ser desejado. É a luta inconsciente contra a individualidade e, ao mesmo tempo, o culto ao autoconhecimento. É a proibição e a transgressão.
Ainda assim, o erotismo é muitas vezes tratado como o profano, enquanto o amor seria o sagrado. Poucos são os que têm a coragem de derrubar os tabus que nos circundam. A poeta Andrea Pelegrinelli é uma dessas pessoas. Ela foi além em seu livro “Eu sou o pecado, a paixão, o prazer… Cecília”, onde tentou unir novamente erotismo e amor em uma espécie de celebração à sensualidade e essência femininas.
Escritos em português e italiano, os mais de quarenta poemas sobre sexo, amor, pecado e culpa foram distribuídos em uma espécie de diário proibido do feminino carregado de ilustrações belíssimas. Um livro que vem para resgatar instintos adormecidos. E isso é só o começo.
Entrevista com a autora
Como você começou a escrever? Qual a sua relação com a poesia?
Sempre escrevi, mas foi quando fui premiada em 1º lugar em um concurso da sétima série, em 1993, foi que passei a me dedicar à escrita e em especial à poesia. A poesia, pra mim, é minha maior essência.
Como você decidiu, depois de um livro de poemas de amor e outro infantil, enveredar para a poesia erótica?
Eu sempre quis escrever poesia erótica, porém sentia a necessidade de amadurecer este desejo – eu sabia que chegaria o momento certo. Só imaginava que seria depois de um livro infantil.
Como você espera que sua literatura atinja as pessoas?
De uma forma intensa, livre. Que possa acrescentar a valorização do sentir e ser sentido.
O que você acha do mercado editorial e do incentivo à cultura no Brasil?
O escritor brasileiro tem muito pouco espaço, não é incentivado. A cultura no país é colocada de lado. Infelizmente o brasileiro ainda valoriza pouco o que vem de dentro – o que é de fora acaba tendo mais valo
“Eu sou o pecado, a paixão, o prazer… Cecília” é um livro que valoriza o feminino, a sexualidade e a sensualidade. Você acha que a mulher ainda precisa descobrir estes aspectos em si mesma?
Nem tanto descobrir, mas aprender a se valorizar mais, a se sentir livre para viver os próprios desejos sem culpa.
Em sua opinião, o erotismo para a mulher é um tabu imposto pela sociedade ou por ela própria? Como você acha que a mulher poderia derrubar este tabu e vivenciar todos os seus potenciais?
Eu acredito que este tabu seja mais imposto pela sociedade do que por ela própria. E uma forma de derrubar isso seria a mulher assumir esses desejos e poder se sentir livre expô-los como parte de sua natureza e essência feminina.
O erotismo pode, para a mulher, vir separado do amor? Ele é um aspecto individual ou uma descoberta a dois?
Não acredito nesta possibilidade, porque a mulher tem a necessidade de se sentir amada. Claro que é importante tocar-se e conhecer o próprio corpo. Mas, para a mulher, o “sentir” e o “ser sentida” é valorizado realmente quando é feito a dois, quando há cumplicidade.
O que é melhor: o amor romântico ou o amor erótico?
Acredito que seja o amor erótico, pois por ser tangível, é com ele que podemos assumir nossos desejos e vivê-los intensamente.
Para o futuro, quais são seus planos dentro da literatura? Pensa em tentar outros gêneros e abordagens?
Pretendo ministrar palestras sobre o erotismo feminino, no sentido de intensificar a liberdade e a valorização da mulher. Além disso, penso em escrever um romance com a mesma abordagem.
Expresso
Nome: Andrea Pelegrinelli
Profissão: Escritora e Poeta
Cor preferida: Verde
Perfume Preferido: Masculino
Religião: Católica
Família: Meu alicerce
Flor: Orquídea
Mania: Escrever
Desejo: Ser capa de uma revista
Admiração: Minha mãe
Bebida: Vinho e Champanhe
Um professor: Pedro Roberto
Uma extravagância: Comprar roupas
Poetisa: Gilka Machado
Música: Tem que ser você (Victor & Léo)
Filme: Cartas para Julieta
Momento feliz: Nascimento dos meus filhos
Saudades: Minha infância
Uma pessoa que marcou sua vida: Meu pai
Uma paisagem inesquecível: O nascer do sol
Lugar para morar: Toscana
Um desafio: Ser uma escritora consagrada
Sonho a realizar: Conhecer a Itália
Uma frase para deixar na plataforma da Estação:
“Vivo intensamente, pois tudo que sei é a certeza do momento, o céu e o inferno são ainda mistérios intocáveis.”
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