Amor Impossível
Sinopse: Um xeique visionário (Amr Waked) acredita que a arte da pesca do salmão pode transformar a vida de sua gente e decide levar a pesca esportiva para o meio do deserto. Sem medo do quanto essa ideia iria custar, mas disposto a fazer o seu sonho tornar-se realidade, ele tenta contratar um especialista britânico em peixe e pesca, o Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor), que a princípio acha a história toda um grande absurdo e pensa em recusar a oferta. O assunto morreria ali se não fosse a interferência do governo britânico, que vê na iniciativa uma boa oportunidade de trazer ao público uma notícia positiva referente ao Oriente Médio, o que desviaria a atenção sobre a participação do exército no Afeganistão.
Crítica: Baseado no romance de Paul Torday, Amor Impossível tem amor, nem tão impossível assim, mas engana-se quem for ao cinema buscando mais uma comédia romântica ou algo parecido. Uma dica para desavisados é sempre olhar o título original, que no caso é Salmon Fishing in the Yemen. E esse é o mote da simpática comédia de Lasse Hallström, com ares de moderninha, intervenções gráficas e montagem divertida, e uma história sem pé nem cabeça, apesar de muito salmão.
A trama é quase inacreditável. Um xeique resolve levar a prática da pesca de salmão para o meio do deserto, pois acredita que essa arte possa mudar a vida de seu povo. Ele, então, contrata o especialista Dr. Alfred Jones, vivido por Ewan McGregor, para planejar esse sonho milionário. Apesar da loucura e da recusa inicial do especialista, o governo britânico, na figura da assessora do primeiro ministro, vê aí uma ótima oportunidade para criar uma imagem positiva do Oriente Médio para o povo inglês, desviando a atenção da guerra no Afeganistão. Começa, então,uma jornada insólita, com bons momentos.
Um ponto positivo de Amor Impossível é esse formato que não se leva a sério. A assessora conversa com o primeiro ministro em um programa que lembra o MSN, o especialista em salmões faz pedidos absurdos a todo momento para que o xeique desista da empreitada, sendo sempre atendido, as reações da imprensa são sempre caricatas, exageradas, vide a cena na beira do rio. Acaba sendo divertido, apesar de irritar em alguns momentos.
A montagem é outro quesito que chama a atenção. Não apenas pelos efeitos ágeis de recorte de tela, mas pela continuidade que ele induz, ligando personagens que falam pelo telefone, construindo um fluxo interessante nas situações paralelas, além de nos fornecer alguns detalhes irônicos em determinadas situações. É divertido acompanhar aquele plano louco e o encadeamento das providências.
Os personagens, no entanto, são um ponto fraco. É tudo muito irreal, caricato. A começar pelo primeiro ministro e sua assessora. A esposa do personagem de Ewan McGregor é outra construção confusa, assim como o soldado vivido por Tom Mison. Já a personagem de Emily Blunt é aquela mulher perfeita, tão perfeita que é difícil acreditar que seja de “carne e osso”, a funcionária exemplar, que consegue o que parece impossível, fala até mandarim, além de ser bonita, fiel e extremamente simpática. O xeique é outro difícil de acreditar que existe, um homem que gasta 50 milhões de dólares apenas para ajudar uma região, sem nenhuma garantia que dará certo, nem interesse de retorno financeiro.
Por fim, o protagonista vivido por Ewan McGregor, este talvez seja o mais próximo da realidade, apesar de sofrer da Síndrome de Asperger. Dr. Alfred Jones é um homem simples, especialista em salmão e pesca, chegando a ter criado uma ótima isca artificial. Ele é a voz da razão que vai se encantando aos poucos com o louco projeto e nos levando junto com ele. A trama não se torna mais insólita para a platéia por causa de sua visão da situação. E o ator está muito bem no papel, em todas a nuanças, tiques e dificuldades emocionais do personagem.
Outro problema de Amor Impossível é não se assumir irônico por inteiro. Primeiro ele tenta caminhar em paralelo com uma trama amorosa entre os protagonistas. Cada um deles tem problemas em seus relacionamentos e vão se aproximando aos poucos, em um clichê recorrente e forçado. Segundo, revela uma mensagem por trás da estranha aventura do salmão que sai da Inglaterra para o interior africano. Fica parecendo dois filmes distintos que não se encaixam perfeitamente.
Amor Impossível é, então, uma tentativa que se frusta em vários quesitos. Mas, não chega a ser um filme completamente ruim. É possível se divertir em alguns momentos, assim como se envolver com a história do seu protagonista. Mas, o próprio tom inicial e o argumento apresentado não nos permite o envolvimento necessário para o drama amoroso que se configura na parte final.
Amor Impossível (Salmon Fishing in the Yemen, 2012 / EUA)
Com: Ewan McGregor, Emily Blunt, Kristin Scott Thomas, Amr Waked.
Direção: Lasse Hallström.
Duração: 107 min.
Gênero: Comédia.
Roteiro: Simon Beaufoy.
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