Diário de Uma Paixão
Sinopse: Numa clínica geriátrica, Duke, um dos internos que relativamente está bem, lê para uma interna (com um quadro mais grave) a história de Allie Hamilton (Rachel McAdams) e Noah Calhoun (Ryan Gosling), dois jovens enamorados que em 1940 se conheceram num parque de diversões. Eles foram separados pelos pais dela, que nunca aprovaram o namoro, pois Noah era um trabalhador braçal e oriundo de uma família sem recursos financeiros. Para evitar qualquer aproximação, os pais de Alie a mandam para longe. Por um ano Noah escreveu para Allie todos os dias mas não obteve resposta, pois a mãe (Joan Allen) dela interceptava as cartas de Noah para a filha. Crendo que Allie não estava mais interessada nele, Noah escreveu uma carta de despedida e tentou se conformar. Alie esperava notícias de Noah, mas após 7 anos desistiu de esperar ao conhecer um charmoso oficial, Lon Hammond Jr. (James Marsden), que serviu na 2ª Grande Guerra (assim como Noah) e pertencia a uma família muito rica. Ele pede a mão de Allie, que aceita, mas o destino a faria se reencontrar com Noah. Como seu amor por ele ainda existia e era recíproco, ela precisa escolher entre o noivo e seu primeiro amor.
Crítica: Não sou muito fã da literatura de Nicholas Sparks, mas há tempos queria ver esse que é considerado por muito seu melhor livro e melhor adaptação para os cinemas. Diário de Uma Paixão é um filme sobre um amor intenso e comovente, a ideia é mesmo levar o espectador às lágrimas.
Quem não gosta de melodrama, provavelmente não vai gostar dessa história. Diário de Uma Paixão é o protótipo do gênero, com todas as dificuldades possíveis para o amor romântico, assim como sua luta incansável pela superação. Noah e Allie se encaixam perfeitamente no estereótipo. Ela, rica, ele, pobre. Amor de verão não apoiado pela família da moça. Separação precoce com cartas sendo escondidas. Tempo. Encontros e Desencontros. E, claro, a revelação final, que não chega a ser surpresa para o espectador mais atento.
Aliás, o próprio roteiro de Jeremy Leven, baseado no livro, não faz questão de esconder a verdade por trás daqueles personagens. É apenas um jogo proposto para ajudar a narrar a longa história com saltos temporais, tornando-a mais ágil. É bonito de ver o esforço e cuidado do narrador Duke em ajudar aquela senhora sem memórias. Assim como todo o esquema criado pelas enfermeiras que estão sempre por perto para qualquer situação que saia do controle.
Entre a narrativa atual no asilo e os flashbacks, vamos conhecendo o amor de Noah e Allie desde o primeiro encontro. A insistência dele, a recusa dela, o amor que explode e a inegável diferença de destinos. É interessante como isso é construído pelo diretor Nick Cassavetes não apenas por palavras ou insinuações mais explícitas, mas até mesmo nos pequenos detalhes. O primeiro almoço de Noah na casa de Allie o faz deslocar-se completamente daquele ambiente, a começar pela roupa, com todos com vestimentas claras, e apenas ele com um tom escuro. Depois pela posição que ele é focado, sempre sozinho, em um plano mais fechado, enquanto que quando os outros falam, o grupo é apresentado.
Com a separação do casal e a guerra, o filme faz seu resumo apressado para passar à nova fase. Adultos, eles tiveram pequenas conquistas, mas o amor do passado parece estar ali, ainda, escondido, quase como uma ferida nunca cicatrizada. E é óbvio que ainda precisa haver um acerto de contas. Este é um ponto positivo na trama, não há uma forçação do destino, um Deus Ex-Machina, o acontecimento que permite uma reaproximação, é plausível diante do construído até então.
Rachel McAdams e Ryan Gosling conseguem nos convencer do amor do casal, possuem química e demonstram sofrimento onde precisa. Mas, não podemos dizer que haja uma interpretação acima da média. Assim como Gena Rowlands está bem como a senhora desmemoriada. Mas, quem emociona mesmo em pequenos gestos é James Garner; a forma como ele trabalha a emoção do personagem no olhar é impressionante.
Diário de Uma Paixão é o que se propõe a ser, um bom melodrama feito para as plateias chorarem e se envolverem com o drama dos personagens. Não vejo mal nisso quando feito com verdade, sem exageros piegas ou forçado. Daqueles que encanta os amantes do gênero.
https://www.youtube.com/watch?v=_m_6gawr2OE
Diário de Uma Paixão (The Notebook, 2004 / EUA)
Com: Gena Rowlands, James Garner, Rachel McAdams, Ryan Gosling.
Direção: Nick Cassavetes.
Duração: 123 min.
Gênero: Drama , Romance.
Roteiro: Jeremy Leven.
Amanda Aouad é Mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA, especialista em Cinema pela UCSal e roteirista de Ponto de Interrogação, Cidade das Águas e Vira-latas. É ainda professora de audiovisual, tendo experiência como RTVC e assistente de direção. Membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos e da Liga dos Blogues Cinematográficos.
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