Divã

By on 31/03/2014

“Divã traz a tona a vida de uma mulher definida por “moderna, inteligente, pragmática, divertida e super-feminina”

Sinopse: Mercedes é uma mulher de 40 anos que vive às voltas com as alegrias e desafios da sociedade contemporânea. Casada e mãe de dois filhos, Mercedes decide, mesmo sem saber bem o porquê, procurar um psicanalista.

O que Mercedes não imaginava era que sua vida iria mudar a partir do dia em que ela entrasse naquele consultório. Ao longo de seu tratamento psicológico, Mercedes descobre muitas insatisfações próprias, assim como a necessidade de se conhecer cada vez mais fundo, a vontade de aproveitar cada momento, de realizar sonhos e desejos que não sabia que existia.

E, assim, o que antes era apenas uma curiosidade, se transforma em uma experiência devastadora, que provoca uma série de mudanças em sua vida cotidiana.

divCrítica: Confesso que eu sou destes que torce o nariz para os “blockbuster” nacionais. Filmes feitos para levar multidões ao cinema, e bater recordes com um produto cinematográfico nem sempre tão bom, mas que arrasta multidões. Geralmente, para ver algum enlatado televisivo.

Encarei ver “Divã” pela curiosidade do texto de Martha Medeiros e por me simpatizar com o trabalho de Lília Cabral. Assumi a bronca e sentei num Cinemark, numa noite.

Difícil foi assistir à sessão sem a risada forçada e fora de hora do público, dos comentários toscos de casais que pensavam estar vendo o filme na própria casa, ou rodeado de amigos, os deles, obviamente.

A poluição sonora não atrapalhou a emoção de ver “Divã”. Não, não é um filme imperdível e nem um clássico nacional. É honesto, com piadas singelas – sem forçar “muito” a mão na obviedade – e popular. Se identificar com Mercedes – a personagem de Lília – não é difícil.

diva 02Mercedes é uma mulher lúcida, vai ao analista sem saber porque. Pois se sente feliz, realizada. Casada à quase duas décadas, dois filhos adolescentes e um marido com quem mantêm uma relação morna, Mercedes pinta quadros para assim dar conta do seu interior, das metáforas da sua alma.

O que faz com que Mercedes cause empatia é justamente sua necessidade de transgredir o pré-estabelecido, a rotina. Em contraponto a ela, a amiga (Alexandra Ritcher) é careta e passional. Duas visões diferentes para o feminino, se chocando e se entrelaçando. Mercedes trai o marido, fuma maconha, e se mostra disponível a viver, afinal avisa: “não vou estar pronta nunca”.

Os melhores momentos do filme são quando a protagonista conversa com o analista. Está ali o creme de lá creme do filme. Quando Mercedes mostra fragilidade sem ser piegas ou melodramática e é naturalmente engraçada. O trabalho de composição de Lília Cabral, que por anos interpretou a personagem no teatro, é o grande motivo para o filme dar certo. Numa interpretação mais contida, a atriz pôde trabalhar nuances sutis no texto e no roteiro, propondo momentos singelos onde a graça e a emoção do expectador se alterna.

“Divã” pode ser meio piegas em algum momento e até forçar algumas situações. Mas reverencia as mulheres – as pessoas – que desejam viver e aprender. Que decidem que vão ser felizes custe o que custar, mesmo não realizando tudo o que desejam, (“Cada um que conviva com a própria irrealização”) e mesmo que tenha que aprender a catar as pedras pelo caminho e mudá-las de lugar.

Os coadjuvantes Paulo Gustavo (como o cabeleireiro) e Alexandra Ritcher (atriz que dividia a personagem no palco com Lília) estão ótimos e dão o contraponto para as piadas do texto. A cena final dos personagens de Lília e Alexandra é de uma sutiliza impar, inesquecível. Divertimento garantido.

Divã (Divã, Brasil, 2009)

cartaz_diva

 

 

Com: Lilia Cabral, Alexandra Richer, José Mayer, Cauã Reymond, Reynaldo Gianecchini.
Direção: José Alvarenga Jr.
Duração: 93 minutos.
Gênero: Comédia.

 

 

 

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