Quais vacinas tomar antes de viajar
Ao planejar uma viagem, é preciso incluir na programação uma visita a um centro de saúde do viajante com ao menos 15 dias de antecedência à data do embarque. Poucas pessoas lembram-se de que ao se deslocar para outros países ou regiões do Brasil, estão também se expondo a doenças que muitas vezes não são comuns em seu local de residência.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, é o órgão responsável por cuidar da saúde dos viajantes. Em sua página eletrônica é possível acessar um guia de bolso com as principais indicações para antes, durante e depois da viagem. A primeira recomendação para evitar problemas de saúde durante a viagem, e posterior risco para a saúde pública, é verificar quais vacinas são exigidas ou recomendadas aos turistas de acordo com o seu destino.
O ideal é buscar ajuda em um dos Centros de Orientação para a Saúde dos Viajantes mantidos pela Anvisa nos aeroportos de todo o país. Mas, não deixe para fazer isso só no dia de embarcar, pois as vacinas precisam de um período entre dez dias e seis semanas para garantir a proteção da pessoa imunizada. Além disso, muitos países barram a entrada de turistas que tenham sido imunizados menos de 10 dias de antes de viajar.
A infectologista Karina Myaji, médica assistente do Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas de São Paulo, comenta que a verificação da condição de saúde dos turistas é feita na alfândega. “Geralmente a verificação é feita junto à checagem do passaporte. Alguns países podem ter agentes da vigilância sanitária local para checar isso no desembarque. Pode acontecer também de a companhia aérea verificar no momento do embarque no Brasil e impedir a viagem de quem não se apresentar o certificado de vacinação ou quando este tenha um intervalo menor do que 10 dias”, ressalta a médica.
O caso comum é o da febre amarela. Estados das regiões norte e centro-oeste do Brasil, além de Minas Gerais, Maranhão e parte da Bahia, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são consideradas áreas de risco de transmissão da doença, por isso a recomendação é que todos aqueles com mais de nove meses de idade que pretendem se deslocar para esses locais tomem a vacina.
As cidades de Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Araçatuba, Jales, São José do Rio Preto, Barretos, Franca, Ribeirão Preto, Araraquara, Bauru, Marília, Assis, Botucatu, Itapeva e Sorocaba, no interior de São Paulo, também são áreas de risco para a febre amarela. Como no Brasil o vírus da doença ainda circula principalmente em regiões de mata, floresta e cachoeira, outros países exigem dos turistas brasileiros o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia, CIVP.
Uruguai, Paraguai, África do Sul, Arábia Saudita, Rússia e Jamaica, assim como muitas nações da África estão na lista dos países que exigem o certificado. Na Índia, por exemplo, quem desembarca e não comprova a imunização é submetido a seis dias de isolamento. Para tomar a vacina basta procurar um posto de saúde de sua cidade e, com a dose registrada na carteira de vacinação, comparecer a um dos Centros de Orientação para a Saúde dos Viajantes da Anvisa e solicitar a emissão do certificado. É necessário apresentar um documento oficial com foto.
O Brasil também exige de seus cidadãos que vão se deslocar para fora do país a imunização contra sarampo e rubéola. Isso porque, apesar dos agentes causadores dessas doenças estarem fora de circulação no Brasil, eles ainda existem intensamente em vários lugares do mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente a Europa enfrenta uma epidemia de sarampo, com mais de 25 mil casos registrados em 33 países.
Segundo o Ministério da Saúde, os viajantes precisam se vacinar pelo menos 15 dias antes do embarque. A vacina tríplice viral, disponível na rede pública, é eficaz contra sarampo, rubéola e caxumba.
“Outras vacinas são indicadas de acordo com a epidemiologia do local, isto é, se há casos de doenças no local de destino ou não. A orientação pré-viagem é muito individualizada, depende do destino, do tempo de permanência, das atividades que a pessoa vai exercer no local e das doenças de base. Por isso, principalmente para destinos mais “exóticos” e incomuns, deve-se procurar um serviço para receber tais orientações e indicações de vacinas”, orienta a médica Karina Miyaji.
E quando não há vacinas para a doença
Malária e dengue, por exemplo, são algumas das doenças para as quais não há vacina e que podem contagiar os turistas durante a viagem. A infectologista Karina Miyaji indica que, nesses casos, a prevenção depende da forma de transmissão. “No caso de doenças transmitidas por insetos deve-se usar repelente, roupas compridas (calças e blusas), mosquiteiros nas camas, ar condicionado e telas nas portas e janelas”, ensina a médica do Hospital das Clínicas.
De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, apesar de existir a vacina, a prevenção contra a cólera, que ainda causa surtos em muitos países da África, Ásia e América Latina, é feita evitando-se o consumo de água que não seja engarrafada ou fervida. A dica é dar preferência para bebidas gaseificadas e pasteurizadas. A água engarrafada e de procedência segura também deve ser usada para escovar os dentes e lavar utensílios de cozinha. Outro cuidado importante é não consumir gelo em bares, restaurantes e barracas.
É importante ainda favorecer o consumo de alimentos industrializados ou preparados na hora e servidos quentes, excluindo-se os crus e mal cozidos. Em locais com surto da doença, é preciso evitar entrar em contato com lagos, lagoas, rios, cachoeiras e açudes.
Karina Miyaji explica que caso você comece a se sentir doente durante o trajeto da viagem, deve procurar o serviço médico ou agentes da vigilância sanitária do próprio aeroporto. “Isto é muito importante, pois, dependendo da doença, a pessoa pode ter transmitido para os outros passageiros durante o voo”, afirma a médica.
No caso contrário, quando alguém retorna ao país apresentando algum tipo de sintoma, o ideal é procurar ambulatórios especializados em saúde do viajante.
“No serviço especializado para atendimento de viajantes os médicos têm mais experiência em relação às doenças de outras regiões ou países. Caso não haja nenhum no local, deve-se procurar um pronto socorro e sempre informar os locais por onde passou. Deve-se ter especial atenção à malária, que é uma doença potencialmente muito grave, mas para a qual existe tratamento eficaz”, destaca a médica infectologista.
Fonte: Bbel
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