Sabor de Maboque
Sinopse:
Dois meses depois da revolução portuguesa dos cravos (25 de Abril de 1974) uma jovem nascida e criada no coração de Angola, passa como de costume, suas ultimas férias escolares no verão europeu. Foram três meses de prenúncio, do rebuliço que sua vida seria dali em diante. Com o fim das férias e consequente retorno para a ainda colônia angolana, ela se vê vivendo e temendo por seu grande e primeiro amor, pelos seus amigos, pela sua confortável situação sócio econômica, no epicentro do rodamoinho da guerra civil angolana. É um relato verídico, quase um diário, das perdas, das dores, do medo, da angústia, da luta pela sobrevivência, do desespero e de todas as demais mazelas que as guerras invariavelmente injetam em todos os seus participes, ativos ou passivos. Um ano depois de sua chegada ao Brasil, país para onde fugiu a menos de dois meses do dia da independência de Angola (11 de Novembro de 1975), ninguém mais notava ser ela uma estrangeira. A perda do sotaque juntamente com a hibernação de toda a sua infância e adolescência, foi a maneira pragmática que inconscientemente usou para não ser questionada sobre sua origem e não mexer nas feridas que começavam a cicatrizar. Trinta anos depois o personagem por ela adotado para viver no novo país, que tão carinhosamente a recebeu, dá sinais de esgotamento e como uma árvore sem raízes reclama por elas, para que possa continuar ereta. Essa reivindicação do seu âmago, juntamente com um velho pedido de seu marido e seus filhos para que escrevesse sua experiência de vida, desencadearam um processo de resgate das memórias olfativas, gustativas, sonoras, visuais, emocionas… A erupção desse enorme vulcão, provoca uma profunda catarse e finalmente ela dialoga em paz com o seu pedaço por tantos anos amortecido.
Comentário:
O livro Sabor de Maboque, conta a história da autora Dulce Filomena Martins Tavares Braga. Em 1996, no Brasil, ao chegar da aula da yoga, na porta da garagem, tem um bilhetinho de seu filho Joaquim, dizendo que tinha deixado uma surpresa para ela. Ao entrar em seu quarto, é surpreendida pelo cheiro inconfundível de Maboque uma fruta angola, típica de sua terra natal. Dulce, assim como sua família, pai, mãe, irmãos, tios e primos, num total de onze pessoas se exilaram no Brasil, fugindo da guerra civil que precedeu a libertação de Angola. A autora conta parte de sua vida (infância e adolescência) na África, mais precisamente em Angola, na época uma colônia portuguesa.
Conta sobre sua rotina em um colégio interno, com uma disciplina rígida e por vezes burlada pelas internas, que utilizando um espelho faziam sinais para os rapazes que estudavam no Liceu.
Dulce foi interna aos dez anos, e por volta dos 14 anos conheceu através de seus primos Pedro, também estudante e começaram a namorar. Tarefa das mais difíceis para quem era interna do colégio. Em uma das ocasiões Dulce, falta ao encontro porque estava muito gripada, Pedro junto com seus primos faz uma serenata para ela. Como estava na enfermaria as freiras, não identificaram para quem estava acontecendo a serenata, mais as meninas do colégio sim, isso a tornou popular no colégio. Em meio as suas aventuras adolescentes, a situação política em Angola começa a dar sinais da deflagração eminente de uma guerra civil. Os confrontos entre UNITA(União Nacional para a Independência Total de Angola), MPLA(Movimento Popular pela Libertação de Angola) e FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) estavam mais acirrados. Nas festas de fim de ano, volta para Nharês (seu estado de nascimento) e onde a família residia. Em Nharêa seus pais, e tios tem uma grande fazenda, que abriga toda a família. A família, tem uma vida confortável, porém seu pai um homem muito sensato, resolve que o melhor é fugir para Portugal. Seu pai então, retira todos os diamantes das jóias da família, para que pudessem se estabelecer na nova terra. Para que não fosse confiscados, ele coloca os diamantes em um salto do sapato da esposa, e incumbe a Dulce de vesti-los caso alguma coisa acontecesse a sua mãe. Mais seus planos são alterados, quando a guerrilha confisca o avião, para o retorno de soldados. Sem saída é socorrido por parentes que moram no Brasil, e enviam passagens para todos.
A vinda para o Brasil, foi um golpe de sorte, um dos parentes que estava no Brasil, comenta com uma amiga sobre a aflição de seus familiares, e esta mesma amiga intercede junto a autoridades da Varig e providencia o retorno de todos. Muito rapidamente, Dulce se adapta ao jeito de viver dos brasileiros, negando sua raiz africana. Somente quando seu filho Joaquim, lhe dá o Maboque, se permite dividir com todos, suas raízes, suas lembranças, seu apego a família e os horrores da guerra.
Serviço:
Título: Sabor de Maboque.
Autor(a): Dulce Braga.
Assunto: Literatura Brasileira.
Ano da Edição: 2009.
Edição: 1ª
Editora: Pontes.
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